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,02/06/2025

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Doenças e pragas colocam mandioca sob alerta nacional

Doença fúngica e praga emergente comprometem produção de mandioca no Norte e Centro-Oeste, acendendo alerta sobre sanidade vegetal no Brasil.


Doenças e pragas colocam mandioca sob alerta nacional Foto: Adilson Lima / Embrapa.

A mandioca, base alimentar de milhões de brasileiros e pilar da agricultura familiar em diversas regiões do país, está sob séria ameaça fitossanitária. Duas ocorrências recentes — a introdução da doença vassoura-de-bruxa e a intensificação da praga mosca das galhas — têm provocado perdas expressivas em estados como Amapá, Pará e Tocantins, exigindo ações emergenciais de contenção e manejo.

Ameaça se instala no norte com perdas de até 100%

Causada pelo fungo Rhizoctonia theobromae, a vassoura-de-bruxa foi detectada em lavouras do Amapá no início de 2024. Trata-se de um patógeno quarentenário, até então ausente do território brasileiro, cuja introdução possivelmente ocorreu por meio de manivas contaminadas oriundas da Guiana Francesa.

“A planta manifesta superbrotação nos ramos apicais, com folhas amarelecidas e secamento progressivo, lembrando o formato de uma vassoura”, explica Vinícius Vigela, engenheiro agrônomo e coordenador técnico de mercado da Nitro. “O ciclo da doença é rápido. Em 30 a 40 dias, a planta entra em colapso.”

Segundo ele, em áreas do norte do Amapá e oeste do Pará, houve lavouras inteiramente perdidas. A transmissão ocorre por fragmentos vegetativos, ferramentas contaminadas e até escorrimento superficial do solo, dificultando o controle.

Emergência fitossanitária viabiliza barreiras e análises

Diante da gravidade, o Ministério da Agricultura declarou emergência fitossanitária nos estados afetados. A medida permite a adoção de barreiras sanitárias, bloqueios no trânsito de material vegetal, intensificação das fiscalizações e ações de erradicação.

Embrapa e universidades têm atuado na coleta e análise das amostras, enquanto técnicos de campo orientam produtores sobre identificação e manejo imediato. “A recomendação é o arranquio e destruição por fogo das plantas infectadas, além da desinfecção de ferramentas”, reforça Vigela.

Mosca das galhas migra de praga secundária a protagonista

Enquanto o Norte enfrenta a doença fúngica, o Tocantins lida com a proliferação atípica da mosca das galhas (Neolasioptera spp.), que passou de praga secundária a principal ameaça local. O inseto deposita ovos nas folhas da mandioca; as larvas formam galhas que interferem na fotossíntese e comprometem o metabolismo da planta.

“Com menos área foliar funcional, a planta reduz a produção de amido, o que impacta diretamente o volume e a qualidade das raízes”, afirma Vigela. “Além disso, o estresse causado pela praga pode deixar a planta mais vulnerável a outras doenças.”

Não há, por ora, produtos químicos registrados para controle da mosca em mandioca, o que torna essencial a atuação preventiva e o monitoramento das fases jovens do inseto.

Vulnerabilidade da agricultura familiar e impacto social

Com aproximadamente 70% da produção nacional concentrada em propriedades de base familiar, os efeitos socioeconômicos das pragas são especialmente preocupantes. Nas regiões Norte e Nordeste, a mandioca é essencial não apenas na alimentação, mas como fonte primária de renda.

“Diferente do grande produtor, que tem acesso a tecnologias e capital, o agricultor familiar depende muitas vezes da lavoura única”, alerta Vigela. “As perdas comprometem a segurança alimentar local e o sustento de famílias inteiras.”

Por isso, ele defende que as medidas fitossanitárias sejam acompanhadas de políticas de assistência técnica e compensação emergencial em áreas afetadas.

Mudanças climáticas favorecem a disseminação

As alterações no regime de chuvas e o aumento das temperaturas médias intensificam os riscos fitossanitários. Períodos de chuva concentrada seguidos de estiagens longas favorecem tanto a propagação de fungos quanto a aceleração do ciclo de pragas.

“Ambientes tropicais, com alta umidade e calor, são ideais para o avanço de doenças como a vassoura-de-bruxa. Já a mosca das galhas completa seu ciclo mais rapidamente, exigindo respostas mais ágeis do manejo”, observa o agrônomo.

Melhoramento genético e uso de biológicos ganham espaço

Como não há cura para plantas infectadas, a prevenção é central. O uso de manivas certificadas, a rotação de áreas e o controle sanitário rigoroso são essenciais. Paralelamente, a Embrapa conduz estudos para o desenvolvimento de variedades com maior resistência genética à doença.

“O caminho para o médio prazo passa por genética. Já há materiais com menor suscetibilidade em avaliação”, comenta Vigela.

No campo do manejo, o uso de agentes biológicos — como Bacillus spp. e fungos antagonistas — vem sendo testado com bons resultados. Eles atuam na promoção do crescimento vegetal e na supressão de patógenos no solo.

“A integração entre biológicos e químicos forma uma aliança poderosa. O biológico garante persistência e equilíbrio microbiológico, enquanto o químico age de forma rápida em momentos críticos”, diz Vigela.

Ações práticas para o pequeno produtor

Mesmo com limitações técnicas, o agricultor familiar pode aplicar práticas de baixo custo com bons resultados, como a destruição de plantas doentes, limpeza de ferramentas, drenagem do solo e aquisição de mudas de origem segura.

Além disso, aplicativos de celular com reconhecimento por imagem já auxiliam na identificação de sintomas. “A tecnologia, mesmo simples, pode ser decisiva quando associada à informação técnica de qualidade”, reforça o agrônomo.

Apoio técnico e integração com o setor privado

A Nitro, empresa de fertilizantes e insumos biológicos, tem atuado de forma próxima aos produtores, especialmente nas regiões afetadas. A estratégia inclui treinamento técnico, formulação de soluções compatíveis com diferentes perfis produtivos e presença em campo.

“Nosso trabalho é escutar os agricultores, entender suas necessidades e entregar ferramentas práticas, acessíveis e eficazes. O manejo começa no diagnóstico e termina na produtividade sustentável”, conclui Vigela.





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