SINDAG promove eventos e ações para regularização de drones para pulverização

O mercado global de drones de pulverização agrícola tem registrado avanços expressivos nos últimos anos, com uma frota estimada em 400 mil equipamentos operando em cerca de 100 países ao final de 2024, conforme dados da DJI apresentados na Agrishow 2025. O número representa um salto de 90% em relação a 2020 e revela a força dessa tecnologia no campo, utilizada hoje em cerca de 300 tipos de culturas.
No Brasil, embora apenas 7 a 8 mil drones estejam oficialmente registrados na ANAC, estima-se que aproximadamente 30 mil equipamentos estejam em operação ou armazenados para comercialização. “Esse número elevado se deve ao modelo de aquisição em grandes lotes pelas revendas, principalmente da marca DJI, que dificulta a compra individualizada por parte dos distribuidores”, explicou Gabriella Meireles, coordenadora de projetos do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG), em entrevista ao podcast Agro e Prosa.
Segundo a especialista, o crescimento da frota está diretamente ligado à busca por maior produtividade agrícola e ao uso mais eficiente dos recursos. “A agricultura precisa produzir mais por hectare, e os drones oferecem essa possibilidade com tecnologias que reduzem o esforço físico, aumentam a precisão e contribuem para práticas sustentáveis”, afirmou.
Países como China, Japão e Estados Unidos lideram a adoção da tecnologia. No caso chinês, o governo subsidia diretamente a compra de drones. Já na Europa e Japão, a escassez de mão de obra rural impulsionou o uso de equipamentos autônomos, que permitem a gestão remota das atividades. “Essa realidade tem atraído jovens e promovido uma volta à sucessão familiar no campo”, observou Meireles.
Além da pulverização, os drones também têm sido aplicados em mapeamento de lavouras, contagem de plantas, análise de variabilidade, monitoramento de pragas e doenças e aplicações localizadas de biológicos. Com sensores mais precisos e projetos de integração com inteligência artificial e big data, o futuro aponta para equipamentos ainda mais autônomos e adaptativos. “Já existem modelos em testes que ajustam a aplicação em tempo real conforme condições climáticas e variações ambientais”, afirmou.
Apesar do avanço tecnológico, a ilegalidade na operação de drones agrícolas ainda representa um dos principais entraves do setor no Brasil. De acordo com Gabriella Meireles, há operadores que prestam serviços abaixo do valor de mercado, sem atender aos requisitos mínimos de segurança e regulamentação. “Qualquer prestação de serviço abaixo de R$ 100 por hectare já é um sinal de alerta. O produtor precisa estar atento, pois isso compromete a qualidade da aplicação e a segurança da lavoura”, alertou.
Gabriella Meireles, coordenadora de projetos do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG).
A morosidade nos processos de regularização e a falta de orientação adequada pelas revendas também dificultam a formalização. “Muitos operadores sequer sabem que precisam de registro no MAPA, ANAC, CREA e órgãos ambientais, além do envio de relatórios mensais. E não há um canal único para verificar a legalidade de uma empresa, o que torna tudo ainda mais confuso”, completou.
Com o objetivo de enfrentar esses desafios, o SINDAG tem promovido ações em duas frentes principais: parcerias com órgãos reguladores e associações de produtores, além da realização das DroneTechs, eventos regionais voltados à capacitação técnica e ao diálogo com a cadeia produtiva. “Conseguimos reunir CREA, MAPA, ANAC, universidades, consultores e operadores para discutir os gargalos locais e buscar soluções práticas”, destacou.
A entidade também defende políticas públicas que facilitem o acesso ao crédito, promovam capacitações gratuitas e reconheçam legalmente os operadores já regulamentados. “Seria importante que programas de fomento priorizassem empresas legalizadas, criando um ambiente mais justo e seguro para todos”, disse.
Minas Gerais, São Paulo e Bahia estão entre os estados com maior presença de drones agrícolas. Em estados como o Ceará, a recente legalização de operações pode impulsionar significativamente o setor.
A tecnologia dos drones também tem contribuído para melhorar a rastreabilidade e a sustentabilidade nas lavouras. Em Juazeiro (BA), o SINDAG observou exemplos de produtores que utilizam QR Codes em embalagens para rastrear toda a cadeia de aplicação, incluindo o operador, o insumo utilizado e a formação técnica do responsável. “É uma resposta da iniciativa privada à demanda de mercado por alimentos mais seguros e sistemas de produção mais transparentes”, destacou Gabriella.
O uso de drones permite a aplicação localizada de insumos, o que reduz o volume de produtos utilizados, minimiza impactos ambientais e melhora o controle de pragas. “Diferente da ideia equivocada de que o produtor quer usar mais agrotóxicos, o que a gente vê é o contrário. Eles buscam cada vez mais eficiência e sustentabilidade”, afirmou.
A coordenadora de projetos do SINDAG finalizou destacando que, embora o setor de drones ainda repita desafios enfrentados há uma década pela aviação agrícola, as soluções também estão evoluindo. “Hoje, os equipamentos estão maiores, mais sofisticados e exigem um planejamento financeiro e técnico muito mais robusto. Por isso, o papel das entidades e das capacitações é essencial para garantir a profissionalização e o crescimento responsável desse mercado”, concluiu.
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