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,04/06/2025

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Bicho mineiro se espalha com o clima seco e ameaça cafeicultura brasileira

Mudanças climáticas intensificam a infestação do bicho mineiro em lavouras de café, especialmente em regiões quentes e secas. O controle da praga exige manejo integrado e tecnologias de precisão para evitar perdas que podem chegar a 70%.


Bicho mineiro se espalha com o clima seco e ameaça cafeicultura brasileira

O avanço do bicho mineiro, uma das principais pragas da cafeicultura brasileira, está diretamente ligado ao agravamento das mudanças climáticas. Em entrevista ao podcast Agro e Prosa, Frederico Gianasi, consultor de desenvolvimento de mercado da IHARA, explicou como o aumento das temperaturas e a redução das chuvas favorecem o ciclo acelerado da praga, com impactos significativos na produtividade e na rentabilidade do produtor.

“O bicho mineiro é uma lagarta que mina as folhas do café, causando desfolha intensa e afetando o desenvolvimento da planta. Em períodos secos e quentes, a mariposa responsável por iniciar o ciclo se prolifera com maior rapidez, aumentando a população da praga e dificultando o controle”, explicou.

Frederico Gianasi, consultor de desenvolvimento de mercado da IHARA.

Segundo Gianasi, regiões como o Cerrado Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste de Minas, Norte de Minas e parte de Goiás estão entre as mais afetadas. Nos últimos anos, a praga também avançou sobre áreas antes menos suscetíveis, como o Sul de Minas e a Alta Mogiana, devido à instabilidade climática. “São regiões que historicamente tinham maior regularidade de chuvas, mas que passaram a enfrentar estiagens mais prolongadas, criando ambiente propício ao bicho mineiro”, disse.

A infestação pode reduzir a produtividade em até 70%, comprometendo tanto a safra atual quanto a seguinte. “O impacto econômico é profundo. A perda da área foliar afeta o enchimento dos grãos e a florada do ano seguinte, além de aumentar os custos com defensivos e reduzir a qualidade da bebida”, destacou.

O monitoramento constante é apontado como peça-chave na estratégia de controle. Gianasi orienta que o produtor observe a previsão do clima e fique atento à presença de mariposas. “Quando a mina já está na folha, o ciclo da praga avançou. O ideal é intervir na fase adulta da mariposa, antes que ela coloque os ovos. Em regiões mais quentes, qualquer sinal da presença dela já exige intervenção imediata.”

A média nacional de produtividade do café está em torno de 28 sacas por hectare. No entanto, há produtores que alcançam até 60 sacas, e alguns chegam a superar 100 sacas em áreas tecnificadas. Para Gianasi, o que diferencia esses produtores é o capricho e o manejo no tempo certo. “O café não espera. Adubação, controle de pragas e nutrição precisam ser feitos no momento adequado. Esse cuidado é o que garante os melhores resultados.”

A IHARA tem investido em soluções sustentáveis para apoiar os cafeicultores. Entre os lançamentos recentes estão produtos como o Spirit, aplicado via solo, com ação sistêmica que protege a parte aérea da planta, e o Max Sun, inseticida via solo com ação prolongada sobre pragas como bicho mineiro, cigarra e cochonilha. Também foram lançados os produtos Hayat e Theros, voltados ao controle aéreo da praga.

Além do controle químico, a empresa aposta na compatibilidade com inimigos naturais, como o crisopídeo, que predam a lagarta do bicho mineiro. “A aplicação via solo permite a integração com o controle biológico. O crisopídeo não é afetado e pode atuar de forma eficiente na lavoura”, afirmou.

No campo genético, o desenvolvimento de variedades resistentes ainda é incipiente. Gianasi citou a cultivar Siriema, que apresenta maior resistência, mas ainda não tem alta produtividade, o que limita sua adoção. “O produtor quer saca por hectare. A sustentabilidade da atividade vem da rentabilidade. Por isso, as novas cultivares precisam unir resistência com alto potencial produtivo.”

A irrigação também tem se tornado cada vez mais importante diante da irregularidade das chuvas. “Café nutrido e hidratado responde melhor ao estresse e à presença de pragas. A irrigação garante absorção adequada de nutrientes e permite maior controle em momentos críticos”, explicou.

Gianasi defendeu o uso de manejo integrado de pragas como abordagem fundamental para o sucesso no controle do bicho mineiro. “Não existe ferramenta única. O produtor precisa combinar controle químico, biológico, genético e monitoramento climático. Conhecer o ciclo da praga e agir no momento certo faz toda a diferença.”

A cafeicultura brasileira tem potencial para avançar tecnologicamente. Enquanto a média do país é de 28 sacas por hectare, pesquisadores apontam que o potencial real pode superar 100 sacas com boas práticas. Gianasi concluiu com um alerta: “O produtor precisa estar atento à lavoura. Quem monitora, age no tempo certo e adota as ferramentas disponíveis, colhe mais e perde menos.”




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