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,02/06/2025

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Brasil terá primeiras cultivares híbridas tropicais de canola

Embrapa e Advanta firmam parceria para desenvolver híbridos tropicais de canola adaptados ao clima brasileiro e à produção de biocombustíveis.


Brasil terá primeiras cultivares híbridas tropicais de canola Ao tropicalizar a canola, a cultura é adaptada às condições impostas pelas mudanças climáticas, resultando em materiais mais tolerantes às altas temperaturas e ao déficit hídrico. / Fotos: Cristiane Vasconcelos

A Embrapa Agroenergia e a empresa Advanta Seeds firmaram uma parceria inédita para desenvolver cultivares híbridas tropicais de canola adaptadas às condições ambientais do Brasil. A iniciativa, chamada de projeto BRSCanola, visa ampliar a produção nacional da cultura com foco em biocombustíveis e produção sustentável de óleo vegetal.

Com duração inicial de dois anos, o projeto pretende romper a atual dependência de sementes importadas, oriundas principalmente da Austrália, e criar híbridos com maior tolerância ao estresse hídrico, às altas temperaturas e às principais doenças que afetam a cultura no Brasil.

Melhoramento genético tropical

O objetivo da pesquisa é adaptar a canola às condições do Cerrado, com foco na segunda safra, em substituição ao milho safrinha. Para isso, estão sendo cruzadas linhagens desenvolvidas pela Embrapa com genótipos da Advanta, baseados em décadas de melhoramento genético tradicional.

Segundo Bruno Laviola, pesquisador da Embrapa e coordenador do projeto, a parceria une o conhecimento nacional em melhoramento genético tropical com a expertise global da Advanta em linhagens elite da espécie. “Com essa união, vamos acelerar o desenvolvimento de híbridos adaptados ao ambiente tropical brasileiro”, afirma.

Serão avaliadas dezenas de combinações híbridas em campo e em casa de vegetação. Os testes incluem resistência a doenças como mofo branco, mancha de Alternaria e canela preta, além da qualidade dos grãos e tolerância a herbicidas.

Segunda safra e diversificação produtiva

A canola é uma cultura de ciclo curto e boa adaptabilidade ao clima ameno do outono-inverno, o que a torna uma alternativa viável para a segunda safra. Seu cultivo após a soja pode melhorar a estrutura do solo, reduzir a pressão de pragas e doenças e otimizar o uso da terra.

No Brasil, a área plantada de canola saltou de 40 mil hectares em 2021 para 250 mil hectares em 2024. A estimativa é alcançar 350 mil hectares em 2026. Especialistas indicam que até 20% das áreas de segunda safra utilizadas hoje com soja poderiam ser ocupadas pela canola, sem necessidade de abertura de novas áreas.

“O cultivo da canola como segunda safra pode se tornar um vetor de transformação para o agronegócio brasileiro”, destaca Laviola.

Biocombustíveis e sustentabilidade

O aumento na demanda por óleos vegetais e biocombustíveis no País — como biodiesel, SAF (combustível sustentável de aviação) e diesel renovável — exige não apenas aumento da área cultivada, mas também avanços técnicos para maior produtividade.

Nesse contexto, o BRSCanola se integra a outras iniciativas como o SAFCanola, voltado à produção de canola para biocombustível de aviação, e o RedeCanola, que atua no desenvolvimento de cultivares, manejo agrícola, zoneamento climático e sustentabilidade.

No projeto SAFCanola, foram selecionadas linhagens tropicais com produtividade equivalente à de híbridos comerciais. Essas linhagens servirão de base para o desenvolvimento dos híbridos do BRSCanola. No Cerrado, onde a limitação hídrica é um desafio na segunda safra, estão sendo testadas práticas como o uso de bioinsumos e a otimização da adubação nitrogenada.

Dados para zoneamento e capacitação

A RedeCanola também realiza testes de campo com 18 híbridos em 14 municípios, distribuídos em sete estados. O objetivo é gerar dados para o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc Canola 3.0) e ampliar a compreensão das interações genótipo-ambiente.

Além disso, o projeto tem foco em capacitação de produtores, por meio de cursos on-line, como o e-Campo, e do aplicativo Mais Canola, que fornece informações práticas sobre o cultivo tropicalizado da cultura.

Integração com o setor produtivo

A parceria entre Embrapa, Advanta e a Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) é vista como uma alavanca para tornar o Brasil referência global em agricultura tropical e bioeconomia. “Estamos promovendo ciência aplicada com foco em resultados concretos para o produtor e para os mercados de alimentos e biocombustíveis”, avalia Laviola.

A expectativa é que os primeiros híbridos tropicais de canola comecem a ser disponibilizados ao setor produtivo nos próximos anos, consolidando um novo ciclo para a cultura no País, com maior competitividade, sustentabilidade e autonomia genética.




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