Ênio Fernandes alerta para impacto da tarifa dos EUA
A decisão dos Estados Unidos de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros ameaça exportações de setores estratégicos, como celulose, carne bovina e café, e pode provocar retração do PIB e redução do emprego no Brasil.

O anúncio do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil representa, segundo o consultor de mercado Ênio Fernandes, um risco sem precedentes às exportações nacionais. Em análise ao Agro e Prosa, Fernandes classificou a medida como um “tsunami” que afeta toda a economia brasileira e não apenas os setores diretamente envolvidos no comércio exterior.
“Quando eu taxo em 50%, eu inviabilizo as exportações brasileiras para os Estados Unidos”, afirmou. O consultor destacou que, embora o Brasil seja o 41º parceiro comercial americano, os Estados Unidos ocupam a segunda posição entre os destinos das exportações brasileiras, atrás apenas da China. “No final do dia, nós vamos sentir muito mais do que eles. Não que eles não vão sentir, mas isso inviabiliza várias exportações”, disse.
Entre os setores mais impactados, Fernandes apontou as indústrias aeronáutica, de máquinas e motores e de mineração. No agronegócio, os embarques de celulose, café e carne bovina devem sofrer consequências severas. “Celulose vai sofrer bastante. Café vai sofrer bastante. E carne bovina vai sofrer bastante”, ressaltou.
O consultor observou que a imposição da tarifa poderá gerar efeitos em cadeia sobre toda a sociedade brasileira, com potencial redução do Produto Interno Bruto e diminuição da oferta de empregos e renda. “O PIB vai ser afetado. Qual o tamanho dessa redução? Ainda é cedo para falar”, explicou. Fernandes também alertou para o risco de retração nas relações comerciais com outros países, que podem evitar parcerias com o Brasil por receio de retaliações dos Estados Unidos. “Isso pode inibir alguns parceiros comerciais nossos a continuarem com a nossa parceria”, avaliou.
Embora ainda não haja definição sobre a duração da nova tarifa, o consultor considera que, pelas declarações recentes dos governos, o impasse tende a prolongar-se. “A situação é muito, muito grave. Nós temos que acompanhar de perto, ver se essas tarifas vão persistir ou não”, afirmou.
O Brasil figura entre os principais exportadores globais de produtos agropecuários e industriais, e a decisão americana, caso confirmada em definitivo, pode comprometer a balança comercial e a arrecadação em diversos segmentos. Diante do cenário, Fernandes defendeu que as autoridades brasileiras atuem com rapidez para buscar alternativas que minimizem os prejuízos ao setor produtivo.
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