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,07/06/2025

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Frango brasileiro: nutrição e sanidade como diferenciais

Kelen Zavarize, gerente técnica da Novus, aponta os fundamentos técnicos que fazem da carne de frango um ativo estratégico da avicultura nacional, especialmente em meio ao avanço da gripe aviária.


Frango brasileiro: nutrição e sanidade como diferenciais

A avicultura brasileira está entre as mais tecnificadas do mundo, com impacto direto sobre a qualidade da carne ofertada ao consumidor interno e aos mercados internacionais. Em entrevista ao Agro e Prosa, a zootecnista e doutora em nutrição animal Kelen Zavarize, gerente de serviços técnicos da Novus, destacou que o sucesso da produção nacional está ancorado na junção de nutrição de precisão, genética avançada, biossegurança e bem-estar animal.

“O Brasil é o maior exportador global e o terceiro maior produtor de carne de frango. Isso só é possível porque a cadeia está alinhada em padrões sanitários, nutricionais e produtivos rigorosos”, afirmou Zavarize. O país responde por cerca de 40% da carne de frango exportada no mundo.

Nutrição de precisão: equilíbrio entre desempenho e sustentabilidade

Diferente da ideia tradicional de formulação de rações, a nutrição de precisão é baseada em dados biológicos e zootécnicos. “Trabalhamos para ofertar à ave exatamente os nutrientes que ela precisa, sem excesso e sem deficiência”, explicou Zavarize.

Essa abordagem reduz perdas produtivas e melhora a conversão alimentar, atualmente entre as mais eficientes do mundo — em torno de 1,5 kg de ração para 1 kg de carne. Também contribui com a sustentabilidade ambiental ao diminuir a excreção de minerais como fósforo e zinco no solo, reduzindo riscos de contaminação de aquíferos e impacto em lavouras vizinhas.

“O uso de minerais orgânicos de alta biodisponibilidade, por exemplo, permite que o animal absorva mais e excrete menos, com impactos positivos sobre a cama de frango, que se torna mais limpa e valorizada para uso como adubo orgânico”, afirmou.

Genética eficiente, mas que impõe desafios

A evolução genética do frango comercial permite abate com cerca de 45 dias, pesando mais de 3 kg. Essa velocidade de crescimento exige altíssimo controle nutricional e sanitário. “O trabalho das casas genéticas é extraordinário, mas, com isso, surgem novos desafios, como o aumento na incidência de miopatias”, apontou Zavarize.

As mais comuns são a estria branca (white striping) e o peito amadeirado (woody breast), que alteram a textura e o aspecto da carne, afetando a aceitação comercial. Embora não representem risco sanitário, essas alterações reduzem o valor de mercado e obrigam a indústria a direcionar os cortes para produtos processados.

Biossegurança e bem-estar são determinantes

Com a chegada da influenza aviária ao Brasil, mesmo que restrita a casos silvestres e isolados, o tema da biossegurança retornou com força. Barreiras sanitárias, controle de trânsito, desinfecção de veículos e gestão da ambiência são hoje práticas fundamentais.

Além disso, o bem-estar animal deixou de ser um diferencial para tornar-se exigência técnica e mercadológica. “Ambientes climatizados, disponibilidade contínua de água e ração balanceada, densidade adequada e iluminação controlada são requisitos básicos”, afirmou a especialista. Segundo ela, a ideia de que frangos criados em sistema intensivo vivem sob sofrimento não condiz com a realidade da produção moderna: “Sem bem-estar, não há desempenho”.

Carne de frango: segura, saudável e livre de hormônios

Uma das preocupações mais recorrentes entre os consumidores diz respeito ao uso de hormônios no frango — um mito amplamente desmentido por dados técnicos e pela legislação vigente. “Não existe uso de hormônio na avicultura. O crescimento rápido é fruto de seleção genética e nutrição balanceada”, esclareceu.

Além disso, mesmo com o cenário de gripe aviária, o consumo de carne e ovos permanece seguro. “O vírus da influenza não é transmitido pela carne. Os riscos estão relacionados à contaminação entre aves, não ao consumidor final”, destacou Zavarize.

Controle de perdas e padronização no abate

O processo de abate também evoluiu significativamente. O frango passa por atordoamento antes da sangria, o que minimiza o sofrimento e mantém a qualidade da carcaça. “Altos níveis de estresse comprometem a qualidade da carne, alterando cor, textura e tempo de prateleira”, explicou.

Durante a etapa de apanha e transporte, o cuidado é redobrado. Fraturas e escoriações geradas nesse momento impactam diretamente a padronização da carcaça, exigida pelo mercado, especialmente o internacional.

Mercado interno e externo com padrões elevados

Embora o mercado internacional tenha exigências mais específicas — como cortes padronizados e rastreabilidade detalhada —, a carne destinada ao consumidor brasileiro também segue altos padrões de sanidade e qualidade. “A indústria não separa o que é bem-feito do que é mediano. Tudo tem que sair com padrão elevado, porque o consumidor hoje está informado e sabe exigir”, afirmou.

Zavarize acrescenta que, mesmo entre classes menos favorecidas, a carne de frango é valorizada por ser acessível, magra e segura. “O frango é uma proteína democrática. A exigência por qualidade é cada vez mais horizontal entre os perfis de consumo.”

Inovação e inteligência artificial moldam o futuro

Para a especialista, a próxima fronteira da avicultura será guiada por automação e inteligência artificial. “Com o uso de sensores e análise de dados, será possível monitorar desempenho, identificar precocemente problemas de qualidade e ajustar dietas em tempo real”, projeta.

Segundo ela, o uso de IA não substituirá profissionais, mas os tornará mais estratégicos. “É uma ferramenta para acelerar decisões, cruzar variáveis e melhorar a padronização, principalmente no frigorífico, onde já se aplicam algoritmos para análise de carcaças.”





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