Exportações firmes contrastam com retração no mercado do boi
Com o embargo parcial às exportações de frango, o mercado de boi abriu a semana em compasso de espera, com poucos negócios efetivados e queda expressiva nos preços da carne no atacado da Grande São Paulo.

Na segunda-feira (20), o mercado físico do boi gordo operou com lentidão. Compradores estiveram ausentes em diversas regiões, em meio à indefinição sobre o impacto do embargo parcial às exportações de carne de frango. Em muitos casos, os preços foram apenas “referenciados”, com poucos negócios realizados.
De acordo com o Cepea, o Indicador do boi gordo fechou a sexta-feira (17) a R$ 302,15/@, leve recuo de 0,15%. O acumulado de maio aponta queda de 5,24%. O contrato futuro com vencimento em maio/25 teve ligeira alta diária de 0,67%, negociado a R$ 300,15/@, sugerindo expectativa de recuperação.
Carne no atacado tem nova queda e pressiona o mercado
Enquanto a arroba apresenta relativa estabilidade, a carne bovina no atacado da Grande São Paulo voltou a recuar. O preço médio do dianteiro caiu 2,2% na segunda-feira, e a carcaça casada do boi caiu mais 1,3%, sendo negociada a R$ 21,83/kg. A carcaça da fêmea também teve baixa de 1,45%, cotada a R$ 19,67/kg.
Desde o início do mês, os recuos acumulados são de 6,43% para a carcaça casada de boi e de 4,24% para a carcaça de fêmea. O movimento reforça a pressão de baixa nos preços da carne, típica da segunda quinzena, mas acentuada pelas incertezas sanitárias envolvendo o setor avícola.
Exportações crescem e sustentam demanda externa
Apesar do cenário interno cauteloso, as exportações de carne bovina seguem firmes. Segundo levantamento do Cepea, o volume embarcado neste mês está quase 11% acima do registrado em maio de 2024, com preços em reais 25% superiores. Se mantido o ritmo atual, o Brasil pode exportar cerca de 235 mil toneladas de carne bovina até o fim do mês.
Esse desempenho ajuda a aliviar a pressão sobre o mercado interno, ainda que a demanda doméstica siga enfraquecida no período.
Reposição mantém fôlego, com destaque para bezerros
O mercado de reposição continua aquecido neste início de semana. O bezerro sul-mato-grossense foi cotado a R$ 2.925,33/cabeça, recuando 0,24% no dia, mas mantendo preços próximos à estabilidade no mês. Já o boi magro em São Paulo ficou em R$ 4.149,41/cabeça, com leve retração de 0,45%.
O interesse por reposição permanece firme, especialmente entre produtores que apostam em retomada gradual dos preços da arroba nos próximos meses.
A principal preocupação do setor pecuário neste momento é a repercussão do embargo parcial às exportações de frango após a confirmação de gripe aviária no Rio Grande do Sul. A expectativa é que as medidas de controle territorial limitem o impacto nas demais proteínas e preservem a imagem sanitária do Brasil nos mercados internacionais.
O Ministério da Agricultura anunciou nova rodada de atualizações nesta semana, com possíveis medidas adicionais para contenção do vírus.
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