Paulo Bertolini defende protagonismo do milho no Brasil
Presidente da Abramilho, Paulo Bertolini destaca no Congresso a importância da infraestrutura e da valorização do milho como motor do agro brasileiro.

Durante a abertura do 3º Congresso Brasileiro do Milho, realizado pela Abramilho, a presença do presidente em exercício, Geraldo Alckmin, foi um dos pontos altos do evento. Para o presidente da entidade, Paulo Bertolini, a participação representa um reconhecimento do governo ao esforço e à dedicação dos agricultores.
“É também um fortalecimento das entidades do agro e uma sinalização clara de comprometimento com as pautas que levamos ao governo”, afirmou Bertolini. Ele destacou ainda que Alckmin se dispôs a ser um interlocutor do setor junto ao Executivo e ao Supremo Tribunal Federal, especialmente em relação ao projeto da Ferrogrão.
Segundo Bertolini, a infraestrutura continua sendo o principal gargalo para o desenvolvimento do setor. Ele defendeu investimentos em armazenagem dentro das propriedades e melhorias nas rodovias, ferrovias e portos.
“A falta de estrutura em armazéns gera dependência de terceiros, eleva o custo de frete e prejudica o produtor”, explicou. A modernização da logística foi outro ponto abordado por Bertolini ao Agro e Prosa e é vista como essencial para dar vazão à crescente produção de grãos no país.
O milho, tradicionalmente visto como "primo pobre" da soja, tem conquistado protagonismo no agronegócio brasileiro. De acordo com Bertolini, o cereal caminha para se tornar o principal grão do país, tanto em volume quanto em relevância econômica.
“O Brasil já é o segundo maior exportador e o terceiro maior produtor mundial de milho. Temos um potencial de crescimento extraordinário”, pontuou. Ele lembra ainda que, diferentemente da soja, o milho é majoritariamente transformado internamente, gerando valor agregado.
O crescimento da produção de etanol de milho tem movimentado o setor. Já são cerca de 20 milhões de toneladas de milho destinadas a essa finalidade. O coproduto desse processo, o DDG (grão seco de destilaria), teve recentemente a exportação autorizada para a China, reforçando a importância da cadeia.
“O DDG é um subproduto com alto teor de proteína e serve para a nutrição animal, especialmente de ruminantes. Isso agrega valor e gera renda”, destacou.
Além disso, outra cultura que começa a ter protagonismo é o sorgo que surge como alternativa para produtores que perdem a janela de plantio do milho. Segundo Bertolini, o grão também pode ser usado para exportação e produção de etanol, ampliando as possibilidades para a segunda safra.
Embora o Brasil esteja entre os líderes mundiais na produção de milho, a produtividade média por hectare ainda é inferior à registrada nos Estados Unidos. Para Bertolini, isso se deve ao fato de o país ser relativamente novo na cultura do milho em escala comercial.
“Muito da nossa produção ainda é feita por pequenos agricultores em sistema de subsistência, o que reduz a média nacional”, explicou. No entanto, iniciativas como o Programa Prospera, que capacitou mais de 30 mil produtores no Nordeste, mostram resultados expressivos.
“Com acesso à biotecnologia, treinamento e maquinário, agricultores que colhiam menos de 1 tonelada por hectare passaram a colher 8 toneladas, mesmo em regiões de baixa pluviosidade”, afirmou.
O evento também homenageou a imprensa especializada, reconhecendo seu papel como elo de comunicação entre o campo e a sociedade. Para Bertolini, a comunicação eficaz é fundamental para transmitir a realidade do setor agropecuário.
“Vocês são nossos porta-vozes. A imprensa ajuda o agro a comunicar de forma eficiente sua sustentabilidade econômica, social e ambiental”, declarou.
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