Falsos corretores usam empresas reais para aplicar golpes no agro
Golpistas têm se passado por corretores de grãos, simulando pagamentos e desviando cargas de milho em Minas Gerais. A Agrobom, empresa do setor, relata tentativas recentes de fraude e alerta produtores sobre a necessidade de cautela.

Produtores rurais de diversas cidades do Sul de Minas Gerais têm sido alvo de um golpe que combina falsificação documental e fraude bancária para desviar cargas inteiras de milho. O esquema envolve a atuação de criminosos que se apresentam como corretores de grãos, utilizando o nome de empresas idôneas para dar aparência de legitimidade às negociações.
De acordo com a Agrobom, companhia com mais de 20 anos no mercado de armazenagem e comercialização de grãos, ao menos três tentativas bem articuladas foram identificadas nos últimos três meses. A prática é sempre semelhante: os golpistas contatam produtores e compradores, apresentam condições comerciais atrativas e criam um ambiente de confiança que facilita a liberação da carga antes da efetiva compensação bancária.
“O criminoso se coloca como intermediário, faz com que o produtor acredite que a empresa está adquirindo o milho, e também engana a empresa compradora, que imagina estar negociando de forma legítima”, explica Marco Castelli, diretor comercial da Agrobom. “Depois de emitido um comprovante de pagamento falso, o produtor autoriza a retirada do produto. Ao perceber que o depósito não ocorreu, a carga já desapareceu.”
Segundo Castelli, além da falsificação de comprovantes, outra tática utilizada é oferecer preços significativamente acima do valor praticado no mercado. A prática, segundo ele, visa estimular uma decisão rápida, sem verificação dos detalhes da operação. “É importante que o produtor desconfie de propostas que destoam do comportamento normal do mercado. Quando a oferta parece vantajosa demais, há um risco alto de fraude.”
A Agrobom vem adotando protocolos rigorosos para coibir essas práticas, incluindo o bloqueio imediato de negociações suspeitas e a exigência de pagamento antecipado com confirmação bancária. “Não liberamos carga sem validar a entrada efetiva do recurso na conta. Essa medida é essencial para evitar prejuízos”, afirma o executivo.
A vulnerabilidade cresce em períodos de retração no mercado, quando produtores enfrentam dificuldades para fechar negócios e podem aceitar condições fora do padrão. “O momento de mercado impacta muito. Quanto maior a dificuldade de comercializar, mais o produtor se torna alvo de criminosos preparados para explorar essa fragilidade”, alerta Castelli.
Especialistas orientam que toda negociação de grãos deve ser acompanhada de conferência minuciosa dos dados bancários, análise do histórico do comprador e, sempre que possível, contato direto com as empresas envolvidas. Além disso, é recomendável manter registros de todas as conversas e documentos trocados durante o processo.
Em caso de suspeita, produtores devem acionar imediatamente a polícia e comunicar entidades representativas do setor, para que outros produtores sejam alertados e possam adotar medidas preventivas.
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