O silício, elemento até então considerado secundário no manejo agrícola, tem conquistado protagonismo nas estratégias de solo e nutrição de plantas. É o que explica Wallace Luz, engenheiro agrônomo e coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Tratto Agro, empresa sediada em Aparecida de Goiânia (GO), com atuação crescente em diversas regiões do Brasil.

Wallace Luz relata que ingressou na Tratto Agro como consultor de manejo de solos e, ao identificar a necessidade de pesquisas específicas, liderou a criação do departamento de P&D da empresa. "Hoje conduzimos experimentos desde o plantio até a colheita, com acompanhamento completo em áreas próprias e de produtores parceiros", afirma.

O foco principal do trabalho é o remineralizador extraído da pedreira Araguaia, base dos produtos da Tratto Agro, rico em silício e outros nutrientes.

Silício: elemento benéfico e estratégico

Embora não seja classificado como essencial à planta, o silício apresenta efeitos benéficos comprovados. Segundo Luz, sua aplicação confere maior resistência a pragas, doenças e estresses hídricos. “A sílica presente no solo atua preenchendo poros e melhorando a retenção de água, o que favorece o desenvolvimento radicular e a saúde da planta”, explica.

Além disso, o silício fortalece as paredes celulares, dificultando a ação de insetos mastigadores e sugadores, e reduz a porta de entrada para doenças fúngicas.

Existem fontes de silício de liberação rápida, frequentemente enriquecidas com ácidos ou microrganismos, e fontes de liberação lenta, como os remineralizadores. "O FMX da Tratto Agro, por exemplo, é altamente fino, com granulometria de até 0,03 mm, favorecendo a disponibilização gradual dos nutrientes", destaca o agrônomo.

As aplicações podem ser feitas via solo, fertirrigação ou foliar. A escolha depende do objetivo do produtor: manejo de solo a longo prazo ou resposta nutricional imediata.

Cultura e clima: influência no resultado

Wallace Luz enfatiza que gramíneas, como o milho e a cana-de-açúcar, demonstram maior capacidade de absorção de silício. A resposta, no entanto, varia conforme a cultura, o tipo de solo e as condições climáticas, como disponibilidade hídrica e temperatura.

A Tratto Agro monitora o desempenho do FMX em diferentes regiões agrícolas, como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins e São Paulo, adaptando as recomendações conforme as necessidades locais.

O aumento do interesse pelo silício está ligado também às práticas de agricultura sustentável e orgânica. O FMX possui certificação do IBD, permitindo sua utilização em sistemas de produção orgânica.

Segundo Luz, o uso do silício pode contribuir para a redução no uso de defensivos agrícolas, trazendo benefícios ambientais e econômicos. “Além de reduzir custos, estamos promovendo uma produção de alimentos mais limpa e saudável”, afirma.

Adaptação e desafios

Apesar dos benefícios, Wallace reconhece que a adoção do silício ainda enfrenta resistências culturais. “Alguns produtores têm receio de investir em tecnologias de efeito gradual, especialmente quando não visualizam resultados imediatos", pondera.

Ainda assim, Luz observa que o sucesso na lavoura do vizinho é um dos maiores incentivadores da mudança: “Nada convence mais do que ver a lavoura do lado mais verde”.

A Tratto Agro atende prioritariamente os estados do Centro-Oeste e Sudeste, mas já alcança outros mercados, a depender da viabilidade logística. A empresa reforça seu compromisso em promover soluções sustentáveis para o agronegócio brasileiro, com foco em eficiência produtiva e conservação ambiental.