FDA aprova suínos editados geneticamente para consumo
A FDA aprovou suínos geneticamente editados com a técnica Crispr para resistir à peste suína clássica e destinar a carne ao consumo humano.

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou, pela primeira vez, a criação de suínos geneticamente modificados com o objetivo de melhorar a resistência à peste suína clássica e viabilizar sua carne para o consumo humano.
A tecnologia empregada é baseada na ferramenta de edição genética Crispr, capaz de alterar genes específicos sem a introdução de material genético de outras espécies. Os suínos aprovados foram desenvolvidos pela empresa britânica PIC (Pig Improvement Company), pertencente ao grupo Genus.
Resistência herdada e segurança alimentar
Segundo os desenvolvedores, o projeto consistiu na modificação de um receptor celular comumente alvo do vírus da peste suína clássica, doença viral altamente contagiosa que afeta rebanhos e pode provocar febre, complicações respiratórias e perdas reprodutivas. A edição genética visa impedir que o vírus se instale no organismo dos animais.
O gene alterado é inserido nos embriões, que são posteriormente implantados em matrizes suínas. A resistência adquirida pode ser transmitida às gerações seguintes sem afetar o sabor ou a segurança da carne, conforme relatório da FDA.
Impacto econômico e histórico da doença
A peste suína clássica provocou prejuízos estimados em US$ 1,2 bilhão entre 2016 e 2020 apenas nos Estados Unidos. A aprovação dos suínos editados representa, segundo especialistas, um avanço significativo para reduzir custos sanitários e garantir maior estabilidade à produção.
Embora não seja a primeira vez que animais geneticamente modificados sejam liberados para consumo – como os suínos GalSafe aprovados em 2020 para fins médicos e alimentares – trata-se da primeira autorização voltada especificamente para o aumento da resistência a doenças endêmicas em larga escala.
Expansão global prevista para 2026
A previsão da PIC é de que esses suínos comecem a ser comercializados nos Estados Unidos em 2026. Paralelamente, a empresa busca aprovação regulatória em outros mercados estratégicos, como México, Canadá e China, com expectativa de levar a inovação a regiões onde a suinocultura enfrenta desafios sanitários semelhantes.
A expectativa é que a disseminação desta biotecnologia traga benefícios econômicos, ambientais e sanitários, ao reduzir a necessidade de medicamentos e antibióticos na criação intensiva.
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