EUA negociam com Japão e impulsionam mercado do milho
Negociações dos Estados Unidos com Japão, Coreia do Sul e Reino Unido impactam mercado global, valorizam milho em Chicago e pressionam o câmbio.

O analista de mercado Ênio Fernandes alertou para o aumento do risco geopolítico global e suas consequências sobre os mercados agrícolas. Em análise realizada na quinta-feira, 17 de abril, o consultor destacou que, apesar da estabilidade momentânea nas cotações de soja e milho em Chicago, há fatores relevantes alterando o ambiente macroeconômico.
Segundo Fernandes, o ouro, tradicionalmente visto como ativo de proteção em momentos de incerteza, chegou a ser negociado a US$ 3.300 a onça troy, acumulando valorização de 26% em um ano. "O Goldman Sachs projetou que o ouro pode alcançar US$ 4.000 por onça", disse. A escalada dos preços indica aumento da percepção de risco no cenário global.
Dólar em queda e reações do mercado
Outro ponto destacado por Fernandes foi a queda do índice do dólar frente a uma cesta de moedas internacionais, como euro, iene, franco suíço e libra esterlina. “Estamos observando o menor nível do dólar desde 2022”, afirmou o analista.
Essa desvalorização do dólar está atrelada à sinalização do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o avanço de negociações comerciais com o Japão. “O Japão é o segundo maior comprador de milho norte-americano, atrás apenas do México. Quando esses países se colocam à mesa, o mercado reage”, explicou.
Além do Japão, o governo norte-americano afirmou estar em estágio avançado de negociações com Coreia do Sul e Reino Unido. O próprio Trump declarou que há tratativas com até 70 países, embora Fernandes questione a capacidade operacional para conduzir tantas negociações simultaneamente.
Mudanças na postura da China e impactos no câmbio
Outro fator relevante foi a substituição do principal negociador chinês em meio a um episódio envolvendo declarações sobre a suspensão de compras de aviões da Boeing. A mudança de postura foi interpretada como um sinal de abertura da China para futuras negociações comerciais com os EUA.
Fernandes destacou que a interdependência econômica entre Estados Unidos e China é um fator que pressiona por acordos. “Estamos falando de mais de US$ 500 bilhões em comércio entre os dois países. Nenhum deles pode sustentar crescimento sem o outro”, afirmou.
Repercussões sobre o mercado do milho
Com base nesse contexto, Fernandes apontou o contrato de milho com vencimento em dezembro de 2025 como o mais relevante para acompanhamento das cotações em Chicago. A expectativa é de que as negociações comerciais possam favorecer as exportações norte-americanas e, consequentemente, influenciar os preços internacionais do grão.
Além disso, a retomada de acordos pode abrir espaço para que a China aumente suas compras de commodities agrícolas dos Estados Unidos, como milho, soja e algodão, medida que teria impactos diretos sobre o mercado global e a formação de preços.
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