Com o avanço das discussões sobre sustentabilidade e o crescimento do mercado de proteínas alternativas, um grupo de pecuaristas de Mato Grosso decidiu tomar a dianteira e lançar uma campanha com posicionamento firme: “A carne do futuro é animal”. A iniciativa, liderada pelo coletivo Canivete Pool, busca reforçar o protagonismo da carne bovina brasileira, desde que associada a práticas de alta produtividade e baixa emissão de carbono.

O movimento foi apresentado ao público nas últimas semanas e tem como missão disseminar informações técnicas, relatos de campo e dados concretos que comprovem a viabilidade de uma pecuária moderna, eficiente e ambientalmente responsável.

Campanha alia comunicação técnica e linguagem popular

A campanha aposta em uma comunicação multicanal para alcançar diferentes públicos. Conteúdos em vídeo, depoimentos de produtores, dados sobre emissões e até memes são divulgados pelas redes sociais, como Instagram, TikTok e LinkedIn. A proposta é tornar o debate acessível, sem abrir mão do embasamento técnico.

“O objetivo é dar visibilidade aos pecuaristas que já aplicam essas práticas inovadoras e que, ao mesmo tempo, conseguem reduzir o impacto ambiental e melhorar seus resultados econômicos”, afirmou Luciano Resende, um dos fundadores do Canivete Pool, em nota oficial.

Entre os principais pilares da campanha estão o sabor, a saúde, a sustentabilidade e a qualidade da produção. A iniciativa reforça que, ao contrário do que apontam alguns discursos internacionais, o futuro da alimentação não está restrito a laboratórios, mas pode e deve passar pelos pastos brasileiros — desde que bem manejados e tecnologicamente assistidos.

Origem do movimento: Canivete Pool

O Canivete Pool é um projeto criado em 2022 por pecuaristas de Mato Grosso com o propósito de transformar a gestão das propriedades rurais por meio da troca de experiências, uso de tecnologia e metas claras de sustentabilidade. Atualmente, o grupo reúne 74 membros espalhados por 27 municípios do estado e projeta o abate de mais de 200 mil cabeças de gado em 2025.

As fazendas participantes aplicam metodologias como o boi 777, sistemas integrados de produção, melhoria genética, gestão de pastagens e ferramentas de monitoramento ambiental. Esses instrumentos, segundo os idealizadores, são essenciais para viabilizar uma produção de carne que atenda à demanda do consumidor moderno, atento à rastreabilidade e à pegada de carbono.

Baixo carbono como diferencial competitivo

Um dos conceitos centrais da campanha é o da “carne de baixo carbono”, que se refere à carne produzida com técnicas que mitigam as emissões de gases de efeito estufa por unidade de produto. O tema tem ganhado força nos mercados interno e externo, especialmente após a inclusão de critérios ambientais em acordos comerciais e certificações internacionais.

“A verdadeira carne do futuro é aquela que combina produtividade com responsabilidade socioambiental. É essa carne que o consumidor consciente quer colocar na grelha”, afirmou Resende.

Segundo dados do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), propriedades que aplicam boas práticas de manejo e tecnologias adequadas podem reduzir em até 50% as emissões por quilo de carne produzida, além de melhorar a rentabilidade do sistema.

Estratégia busca reposicionar a imagem da pecuária

A campanha “A carne do futuro é animal” também representa uma resposta direta a narrativas que colocam a pecuária como vilã ambiental. O movimento reconhece os desafios históricos do setor, mas argumenta que já existem soluções práticas para transformar a realidade das fazendas — e que muitos produtores brasileiros já fazem isso.

Para o grupo, o desafio agora é reposicionar a imagem da pecuária junto à sociedade urbana e aos mercados internacionais, destacando iniciativas concretas, histórias reais e resultados mensuráveis.

Rede de apoio técnico e colaborativo

Além da produção de conteúdo e da atuação nas redes sociais, o Canivete Pool também funciona como uma rede de apoio técnico e de benchmarking entre os participantes. Os produtores compartilham dados de desempenho, participam de visitas técnicas e recebem suporte para melhorar seus indicadores de sustentabilidade e eficiência produtiva.

A expectativa dos organizadores é que a campanha inspire outros grupos regionais e contribua para uma mudança estrutural no modo como a pecuária é percebida e praticada no Brasil.