O relatório de abril do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado por meio do boletim WASDE e analisado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, manteve as estimativas de produção do Brasil para soja e milho na temporada 2024/25. Os números, no entanto, revelam alterações significativas nos estoques globais e no equilíbrio entre oferta e demanda, o que pode gerar reflexos nos preços internacionais e na estratégia comercial dos produtores brasileiros.

Soja: estabilidade na produção brasileira e aumento dos estoques globais

A produção brasileira de soja segue estimada em 169 milhões de toneladas, com produtividade média de 3,6 toneladas por hectare e área colhida de 47,4 milhões de hectares. O esmagamento doméstico deve alcançar 57 milhões de toneladas, aumento de 1,8% em relação ao mês anterior. As exportações permanecem projetadas em 105,5 milhões de toneladas.

O estoque final do país subiu para 32,3 milhões de toneladas, crescimento de 2,5% frente à previsão anterior. O índice de estoque-consumo (E/C) foi revisto para 19,4%, contra 19,0% em março. No cenário global, a produção foi mantida em 421 milhões de toneladas, e os estoques finais aumentaram de 121 para 122 milhões de toneladas. A China segue como principal importadora, com previsão de 109 milhões de toneladas, enquanto os Estados Unidos devem fechar o ciclo com estoque final levemente menor: 10,2 milhões de toneladas.

Milho: estoques finais recuam no Brasil e nos EUA

Para o milho, a produção brasileira foi mantida em 126 milhões de toneladas, com área colhida de 22,3 milhões de hectares e produtividade média de 5,7 toneladas por hectare. O consumo doméstico previsto é de 88 milhões de toneladas, sendo 64,5 milhões destinadas à alimentação animal. As exportações seguem estimadas em 44 milhões de toneladas.

Apesar da estabilidade na produção, os estoques finais do Brasil sofreram redução significativa, caindo de 7,5 para 3 milhões de toneladas, o que representa queda de 60,1% em relação ao ciclo anterior. O índice E/C passou de 6,1% para 2,3%.

Nos Estados Unidos, a produção também foi mantida em 377,6 milhões de toneladas, mas os estoques finais foram reduzidos de 39,1 para 37,2 milhões de toneladas, enquanto as exportações aumentaram de 62,2 para 64,8 milhões. Com isso, o E/C norte-americano caiu de 10,2% para 9,6%.

Trigo: Brasil mantém produção, mas reduz exportações

A estimativa de produção de trigo no Brasil foi mantida em 7,9 milhões de toneladas. O consumo interno deve chegar a 12,1 milhões, com destaque para um leve aumento na demanda para ração animal. As exportações foram revisadas para baixo, de 2,7 para 2,5 milhões de toneladas, e o estoque final também recuou, de 1,7 para 1,5 milhão de toneladas.

No plano internacional, o consumo global foi ajustado para baixo, de 801 para 797 milhões de toneladas. A China reduziu suas importações previstas de 6,5 para 3,5 milhões de toneladas, enquanto a Rússia diminuiu a estimativa de exportações de 45 para 44 milhões.

Algodão: Brasil projeta aumento na produção e exportações

O Brasil deve produzir 3,7 milhões de toneladas de algodão em 2024/25, crescimento de 16,7% em relação à safra anterior. A área colhida será de 2 milhões de hectares, com produtividade média de 1,9 tonelada por hectare. O consumo interno se mantém em 700 mil toneladas, e as exportações foram ajustadas para 2,8 milhões de toneladas.

O estoque final aumentou de 0,8 para 0,9 milhão de toneladas. Com isso, o índice E/C subiu para 24,2%. No cenário internacional, o USDA estima aumento no estoque global de algodão, de 17,1 para 17,2 milhões de toneladas, e redução no consumo mundial, de 25,4 para 25,3 milhões.