Setor de biocombustíveis lida com insegurança regulatória
Alta de custos e insegurança regulatória provocaram o fechamento de 6,11% das empresas de biocombustíveis nos últimos 24 meses, aponta estudo.

O setor brasileiro de biocombustíveis iniciou o ano de 2025 enfrentando um ambiente marcado por instabilidade regulatória, elevação dos custos operacionais e obstáculos logísticos. De acordo com estudo realizado pela gestora Equus Capital, 6,11% das empresas da cadeia encerraram suas atividades entre 2023 e 2024. O dado chama atenção por incluir negócios consolidados com mais de 16 anos de operação.
Apesar das dificuldades, o fim de 2024 e o início de 2025 registraram um movimento de aquecimento no mercado, impulsionado por capital represado e crescente interesse por ativos operacionais. “O mercado está aquecido, há muitas conversas acontecendo sobre negócios no setor, mas ainda não vimos grandes liquidações de deals ainda”, afirma Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.
Incertezas nas regras travam novos investimentos
Segundo o levantamento, o ambiente regulatório segue como o principal entrave à consolidação do setor. Mudanças frequentes nas normas fiscais e a ausência de previsibilidade nas políticas nacionais dificultam o planejamento estratégico de longo prazo. “A instabilidade nas políticas públicas afeta diretamente a competitividade das empresas e dificulta a tomada de decisões estratégicas de longo prazo”, destaca Vasconcellos.
Além disso, o estudo aponta a falta de infraestrutura e as limitações logísticas como fatores que comprometem a eficiência operacional. O impacto é mais severo entre pequenas e médias empresas, que enfrentam maiores dificuldades para escalar suas operações e competir em condições equilibradas.
Eletrificação e diversificação ampliam os desafios
O avanço da eletrificação de frotas é outro fator que pressiona o segmento. Embora ainda concentrada nos grandes centros urbanos, a tendência levanta questionamentos sobre a demanda futura por biocombustíveis tradicionais. Por outro lado, há oportunidades de diversificação para outras aplicações, como o uso em aviação ou em usinas térmicas.
Entre os elementos positivos, a Equus Capital destaca o potencial da Lei do Combustível do Futuro, que determina o aumento gradual da participação de biocombustíveis na matriz energética. A legislação pode criar um novo impulso para o setor, especialmente para empresas que apostarem em inovação e eficiência.
“O mercado de biocombustíveis continua sendo um pilar essencial na transição energética. Aquelas empresas que souberem se adaptar às novas dinâmicas e adotarem estratégias eficientes de inovação terão mais chances de superar os desafios e aproveitar as oportunidades que 2025 pode trazer”, conclui Felipe Vasconcellos.
Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.
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