Mapa revela áreas com maior potencial agrícola no Brasil
Ferramenta inédita da Embrapa e IBGE revela potencial agrícola de todo o Brasil com base em três níveis de manejo e exclusão de áreas protegidas.

O Brasil conta agora com uma nova ferramenta estratégica para o planejamento territorial do agronegócio. A Embrapa Solos e o IBGE lançaram o novo mapa de aptidão agrícola das terras brasileiras, que indica, em escala regional e com base em três níveis de manejo, o potencial de uso das áreas para lavouras, pastagens e silvicultura.
A nova versão, digital e gratuita, está disponível nas plataformas GeoInfo e PronaSolos, podendo ser consultada por produtores, técnicos, instituições públicas e privadas. O levantamento desconsidera áreas protegidas, terras indígenas e regiões não desmatadas da Amazônia Legal.
Levantamento com metodologia avançada
O mapeamento foi elaborado com base no Mapa de Solos do Brasil (escala 1:250.000) e cruzamentos com informações de relevo, fertilidade, textura e outros fatores limitantes, como deficiência hídrica ou suscetibilidade à erosão.
Três níveis tecnológicos de manejo foram considerados:
Nível A: técnicas simples, voltado para agricultura familiar;
Nível B: uso de insumos intermediários, para produtores médios;
Nível C: agricultura moderna, com alto investimento em tecnologia.
“Essa diferenciação amplia a aplicabilidade do mapa, atendendo desde pequenos agricultores até empreendimentos em larga escala”, explicou o pesquisador Amaury de Carvalho Filho, da Embrapa Solos.
Nova classificação do uso agrícola
Para cada unidade mapeada, as terras foram classificadas em "boa", "regular" ou "restrita" quanto à aptidão agrícola para lavouras. Quando a terra não é apta para cultivo intensivo, avaliam-se alternativas menos exigentes, como pastagem plantada, pastagem natural ou silvicultura.
Um dos avanços desta versão é a incorporação da aptidão para silvicultura em nível C, que não estava contemplada nos estudos anteriores. Além disso, o mapa permite visualizar simultaneamente o potencial para diferentes usos, conforme a capacidade de investimento e infraestrutura disponível.
O pesquisador ressalta que áreas sem viabilidade econômico-ambiental mínima foram classificadas como inaptas, devendo ser preservadas ou destinadas a outros usos não agrícolas.
Suporte ao planejamento regional
A escala adotada (1:500.000) torna o mapa especialmente útil para planejamentos em nível estadual, bacias hidrográficas e regiões administrativas. As informações devem subsidiar políticas públicas, ações de conservação, zoneamentos agrícolas e planejamento de infraestrutura de escoamento.
“O mapeamento pode guiar a regionalização de incentivos, programas de extensão rural e também apontar áreas prioritárias para preservação”, destacou José Francisco Lumbreras, da Embrapa Solos.
Entre os programas federais diretamente beneficiados estão o PronaSolos e o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Embora não substitua estudos detalhados em nível de propriedade, o mapa serve como base estratégica para cooperativas e grandes empreendimentos rurais.
Tecnologia e acesso gratuito
A versão atual do mapa é considerada uma segunda aproximação, com previsão de nova rodada de revisão e aperfeiçoamento. Ela já está disponível para consulta pública no site da GeoInfo da Embrapa e no Portal PronaSolos.
O recurso pode ser consultado em painéis interativos que permitem análises por recorte geográfico, auxiliando técnicos e gestores na elaboração de projetos mais sustentáveis e assertivos.
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