A Biotrop, referência em soluções biológicas para a agricultura, e a Embrapa Soja assinaram um acordo de cooperação técnica e científica para o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias no controle de pragas da soja. O projeto inédito reúne biotecnologia, nanotecnologia e bioprocessos, mirando alvos desafiadores que afetam diretamente a produtividade da cultura.

Segundo a Biotrop, a tecnologia em desenvolvimento atua na modificação da expressão de genes essenciais ao desenvolvimento e à sobrevivência de pragas. A proposta é criar um biocontrole altamente seletivo, eficiente e sustentável, sem resíduos ambientais e com benefícios diretos à lavoura.

Tecnologia de base natural e ação genética precisa

De acordo com Juliana Marcolino Gomes, gerente de Pesquisa e Inovação da Biotrop, a inovação parte de mecanismos naturais já presentes na biologia das plantas e microrganismos. “Nosso objetivo é controlar alvos desafiadores específicos. A nova tecnologia, altamente precisa e seletiva, tem base biológica e está sendo desenvolvida a partir de um mecanismo natural. Ela envolve a alteração da expressão de genes-chave, neutralizando os efeitos negativos dessas pragas na cultura da soja”, explica.

A pesquisa parte de sequências gênicas específicas, identificadas por meio de análises bioinformáticas avançadas. O processo está em fase inicial, com validação in sílico dos compostos. A próxima etapa envolve a produção laboratorial das biomoléculas e a condução de bioensaios, que testarão a eficácia do controle biológico sobre pragas-alvo.

Unindo conhecimento genético e domínio industrial

A iniciativa une a expertise científica da Embrapa Soja em genética e biologia molecular ao domínio técnico da Biotrop em bioprocessos e formulações comerciais. Esse modelo de codesenvolvimento visa acelerar o escalonamento de soluções promissoras do laboratório ao campo, assegurando viabilidade técnica, econômica e ambiental.

Para Douglas Gomes, diretor de Pesquisa & Inovação da Biotrop, a parceria representa um avanço importante na busca por alternativas sustentáveis aos defensivos químicos convencionais. “Como líder em tecnologias biológicas, a Biotrop inova mais uma vez nesse projeto com a Embrapa Soja, que tem potencial para transformar o cenário da agricultura nacional e internacional”, afirma. Ele destaca ainda que os produtos resultantes, como herbicidas e inseticidas biológicos, não deixarão resíduos no ambiente e poderão contribuir para o aumento da produtividade.

Visão estratégica voltada à sustentabilidade e exportação

O projeto também alinha-se às diretrizes globais de sustentabilidade e rastreabilidade exigidas pelos mercados compradores de soja brasileira, sobretudo na Europa e na Ásia. A Biotrop, que integra desde 2023 o grupo internacional BioFirst, com presença em mais de 70 países, aposta na inovação como diferencial competitivo.

Instalada em Vinhedo (SP), com centros avançados de produção de microrganismos em Curitiba (PR) e Jaguariúna (SP), a Biotrop atua no desenvolvimento de insumos biológicos e naturais voltados à agricultura regenerativa e de baixo impacto ambiental.

Fase inicial de testes e perspectivas futuras

O projeto está atualmente na etapa de validação computacional (in sílico), com previsão de entrada em bioensaios nos próximos meses. A expectativa é que, a partir dos primeiros resultados em laboratório, as soluções possam ser ajustadas e direcionadas para cultivares específicas de soja, respeitando as particularidades regionais e genéticas das lavouras brasileiras.