ADIAL alerta para impactos no agro com revisão do PIB mundial
Cenário internacional revisto para baixo em 2025 afeta cadeias produtivas brasileiras; setores do agro podem encontrar novas oportunidades.

O boletim Economia em Números #155, divulgado pela ADIAL, apresenta uma revisão dos principais indicadores macroeconômicos mundiais para 2025, em meio ao acirramento da guerra comercial entre grandes economias. A UNCTAD reduziu a projeção do crescimento global de 2,7% para 2,3%, enquanto a Organização Mundial do Comércio (OMC) estima expansão de apenas 2,2%, ambos abaixo do limiar associado à estabilidade econômica.
A queda nas projeções coincide com o pico do indicador de incerteza global, registrado pela UNCTAD, e reflete o temor de desaceleração econômica e retração no comércio internacional.
Reflexos no Brasil
Para o Brasil, a expectativa de crescimento do PIB em 2025 foi mantida em 2,2%. No entanto, os efeitos indiretos da disputa comercial entre Estados Unidos e China, sobretudo em setores industriais e do agronegócio, são alvo de atenção de analistas. A leitura é que o país pode tanto sofrer impactos quanto capturar novas oportunidades.
Agronegócio: riscos e possibilidades
A análise da ADIAL destaca que o setor agropecuário pode ser beneficiado. Com a imposição de barreiras comerciais, países afetados tendem a buscar novos fornecedores de alimentos e commodities. Essa reconfiguração pode abrir espaço para exportações brasileiras, sobretudo em segmentos como carne, grãos e frutas.
Em contrapartida, o setor de etanol deve sofrer pouco impacto direto, devido à baixa representatividade do comércio bilateral com os Estados Unidos. O risco, no entanto, está na possível revisão da tarifa de importação brasileira de 18% sobre o etanol americano.
Indústria: atenção redobrada
Entre os segmentos industriais, a ADIAL aponta atenção para a cadeia de aeronaves. O Brasil exporta aviões que utilizam insumos dos Estados Unidos e pode enfrentar restrições nesse elo. Ao mesmo tempo, a proibição chinesa de compras da Boeing provocou valorização das ações da Embraer, sinalizando abertura de mercado para a fabricante brasileira.
Na siderurgia, o Brasil representa 61% do aço semi acabado importado pelos EUA. Ainda assim, especialistas consideram limitada a margem de manobra para ampliação dessas vendas no curto prazo.
O setor de bens de capital também inspira cautela. Com os Estados Unidos restringindo a importação de máquinas chinesas, existe a possibilidade de que esses equipamentos sejam redirecionados ao Brasil, pressionando a indústria nacional.
Químicos e petróleo sob pressão
A indústria química brasileira deve sofrer pouco com a disputa direta, devido à sua baixa competitividade nos EUA. O risco maior está na invasão do mercado doméstico por produtos estrangeiros que perderam espaço no mercado norte-americano.
Já o petróleo, embora não atingido diretamente por tarifas, enfrenta pressão decorrente da desaceleração econômica global, o que já provocou queda nos preços futuros da commodity.
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