Produtores do MT lançam movimento A Carne do Futuro é Animal
O movimento Canivete Pool, criado por produtores do Mato Grosso, defende que a carne bovina produzida no país reúne qualidade, sustentabilidade e eficiência, contrapondo críticas sobre impacto ambiental e destacando a importância da boa gestão.

A campanha A Carne do Futuro é Animal, idealizada pelo grupo Canivete Pool, vem ganhando projeção nacional ao apresentar argumentos que valorizam a produção pecuária brasileira, reforçando que a carne bovina, produzida com boas práticas, pode atender demandas crescentes de consumo com responsabilidade ambiental. O movimento, criado em 2022, reúne produtores do Mato Grosso, principalmente das regiões de Rondonópolis, Vale do Jauru, Vale do Guaporé e do médio-norte, que passaram a trabalhar de forma articulada no planejamento de insumos, abates e negociações.
“O principal objetivo é mostrar que a carne que atende à demanda mundial por qualidade e sustentabilidade não está no laboratório, mas sim nos pastos brasileiros”, afirmou Luciano Resende, um dos idealizadores do Canivete Pool, em entrevista ao Agro e Prosa. Ele destacou que, diferentemente do discurso que associa a pecuária ao desmatamento e às emissões sem contrapartida, o manejo bem conduzido resulta na mitigação do carbono. “No manejo correto do capim, é possível reter carbono no solo e na carcaça. Esse balanço mostra que, quanto mais eficiente é o sistema produtivo, mais sustentável ele se torna”, explicou.
O Canivete Pool nasceu dentro de uma empresa com o propósito de criar “um canivete suíço” de soluções em gestão, compras e organização operacional. Entre os principais avanços observados pelos participantes do grupo está a capacidade de programar com antecedência a quantidade de animais a serem abatidos. “Hoje já estamos planejando o abate de 2026, definindo custos e margem esperada”, relatou Resende. Esse planejamento possibilita previsibilidade de compras de insumos, gestão de fluxo de caixa e definição do ponto de equilíbrio econômico.
Na prática, a profissionalização tem transformado a lógica da negociação entre produtores. Resende contou que, historicamente, a principal preocupação era o preço de venda da arroba, mas que o grupo tem demonstrado que a margem acumulada no ciclo de produção é mais relevante para a sustentabilidade financeira da atividade. “Quando você começa a entender sua margem de forma acumulada, a tomada de decisão passa a ser muito mais segura, mesmo diante das oscilações de mercado”, pontuou.
A campanha de comunicação do Canivete Pool adota linguagem acessível, aproximando o tema do consumidor urbano. Além de mostrar os benefícios nutricionais da carne, o projeto prevê divulgar dados científicos que comprovem a contribuição da produção pecuária para a segurança alimentar e ambiental. “Queremos dialogar com todos, do churrasqueiro profissional à dona de casa. É uma conversa menos técnica, mas que transmite valores reais da cadeia produtiva”, disse Resende.
Questionado sobre a proliferação de produtos alternativos à carne, o idealizador da campanha afirmou que o mais importante é garantir clareza ao consumidor. “Carne é tecido muscular. É fundamental que produtos sejam corretamente denominados. Se não é carne, deve ter outro nome. Essa honestidade com o consumidor é uma premissa”, comentou.
Resende também destacou que, ao longo dos últimos anos, houve um avanço expressivo na qualidade do produto ofertado ao mercado interno e externo. Fatores como genética, menor idade de abate e manejo profissional contribuíram para elevar o padrão da carne brasileira. “Quando eu era criança, a carne era dura. Hoje, até a apresentação no açougue mudou. Isso é resultado de um mercado mais exigente e de produtores que se especializaram”, observou.
O movimento acredita que, ao desmistificar informações imprecisas sobre emissões e bem-estar animal, a tendência é o consumo continuar crescendo. “A decisão final sempre será do consumidor, mas é importante que ele decida com base em fatos e dados, não em narrativas”, frisou Resende.
Para os integrantes do Canivete Pool, o futuro da pecuária passa por um tripé: produtividade, lucratividade e sustentabilidade. Ao integrar gestão, informação e planejamento, o grupo busca demonstrar que a carne produzida no Brasil tem potencial de alimentar o mundo sem ampliar fronteiras agrícolas. “O Brasil é um dos poucos países com capacidade de produzir duas ou três safras e com escala para atender essa demanda global. Isso precisa ser mostrado com orgulho”, concluiu.
Luciano Resende, um dos idealizadores do Canivete Pool.
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