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,07/07/2025

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Agronegócio inicia safra 2025/26 com cenário de incertezas

O agronegócio brasileiro inicia o ciclo 2025/26 em meio a um ambiente de elevada volatilidade, custos operacionais crescentes e incertezas macroeconômicas e geopolíticas, aponta o relatório Visão Agro divulgado pela consultoria do Itaú BBA.


Agronegócio inicia safra 2025/26 com cenário de incertezas

O ano-safra 2025/26 começa sob uma combinação de fatores que exigem cautela do setor produtivo. O Visão Agro, estudo elaborado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, destaca que o Brasil enfrentará custos operacionais mais altos, principalmente com fertilizantes, e um ambiente internacional marcado por tensões geopolíticas e juros elevados, que pressionam o câmbio e encarecem o crédito rural.

No panorama macroeconômico, o Itaú BBA projeta que a taxa Selic permanecerá em 15% até o início de 2026, restringindo a disponibilidade de crédito e elevando o custo financeiro. Além disso, a valorização do real no primeiro semestre, após meses acima de R$6,00 por dólar, trouxe algum alívio momentâneo, mas não afasta o risco fiscal interno. A projeção para o câmbio é de R$5,65 por dólar ao fim do ano.

A soja deverá alcançar produção recorde de até 175 milhões de toneladas no Brasil, segundo o USDA, embora o Itaú BBA estime um volume um pouco menor, de 174 milhões. Ainda assim, a margem operacional deve se reduzir. Os custos com fertilizantes tendem a subir cerca de 20%, pressionando a relação de troca e limitando ganhos, mesmo com demanda aquecida pelo óleo de soja, impulsionada pelo crescimento do biodiesel. "Cada tonelada de soja compra menos insumo do que na média histórica", aponta o relatório.

O milho também enfrenta uma perspectiva de custos elevados. A ureia, principal fonte de nitrogênio, teve alta expressiva com o agravamento do conflito entre Israel e Irã, enquanto potássio e fósforo acumulam valorização superior a 15%. Apenas cerca de 30% do fertilizante para a safrinha foi comercializado até junho, ampliando o risco de encarecimento adicional. Para 2025/26, a produção brasileira é estimada em 130 milhões de toneladas, crescimento de 0,8% sobre a safra anterior, com destaque para a ampliação da produção de etanol de milho. A previsão é de consumo interno de quase 24 milhões de toneladas do cereal para a fabricação de biocombustível.

Na soja e no milho, o ambiente internacional também influencia a precificação. O mercado futuro de Chicago projeta valorização moderada da soja, amparada pela política de biocombustíveis dos Estados Unidos e pela manutenção da demanda chinesa, que deve voltar a importar mais de 110 milhões de toneladas do grão. Já o milho americano deve registrar a maior colheita da história, estimada em 402 milhões de toneladas, o que tende a manter pressão baixista sobre os preços internacionais.

O algodão permanece sensível à desaceleração da economia global, o que pode reduzir o consumo da fibra e manter margens apertadas. No café e na laranja, a recuperação produtiva prevista para 2026 pressiona cotações e afeta o planejamento de investimentos.

Por outro lado, o setor de proteínas animais deve vivenciar um momento favorável. A queda no preço das rações e o crescimento das exportações de carnes sustentam perspectivas positivas para suínos, aves e bovinos. No boi gordo, a oferta em desaceleração e a demanda internacional aquecida, associadas à redução da produção nos Estados Unidos, fortalecem a competitividade brasileira. O frango, que sofreu impacto com a gripe aviária no Rio Grande do Sul, deve retomar o ritmo de embarques no segundo semestre.

O relatório também sublinha que a realização da COP30 no Brasil, em novembro, poderá gerar novas oportunidades ao agronegócio, sobretudo no campo ambiental. A produção de biocombustíveis, a recuperação de pastagens degradadas e a intensificação sustentável são apontadas como vetores de crescimento e diferenciação competitiva.

Entre os desafios imediatos, o Itaú BBA enfatiza a necessidade de gestão ativa de riscos, especialmente no hedge cambial e na fixação de preços, para mitigar perdas em um mercado de alta volatilidade. "O espaço para erros será mínimo", alerta o documento. A recomendação é que produtores, cooperativas e indústrias se organizem para garantir insumos com antecedência e diversifiquem instrumentos financeiros de proteção.

Com um panorama de custos em elevação, rentabilidade pressionada e ambiente geopolítico incerto, o ciclo 2025/26 exigirá planejamento rigoroso e capacidade de adaptação. Mesmo assim, o Brasil permanece como fornecedor estratégico de alimentos e biocombustíveis, com potencial para consolidar sua posição global.




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