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,03/07/2025

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Economista da Farsul aponta distorções e riscos no Plano Safra

O economista Antônio da Luz, da Farsul, afirmou que o Plano Safra 2025/26 apresenta crescimento apenas nominal e criticou o volume de recursos efetivamente controlados pelo governo, além da ausência de avanços no seguro rural.


Economista da Farsul aponta distorções e riscos no Plano Safra

O Plano Safra 2025/26, anunciado pelo governo federal com R$ 516,2 bilhões destinados à agricultura empresarial, foi alvo de críticas do economista Antônio da Luz, da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). Em vídeo publicado em suas redes sociais, da Luz destacou que, embora o montante total seja superior ao do ciclo anterior, o crescimento anunciado não cobre sequer a inflação dos custos de produção no país.

“Se no ano passado foram anunciados R$ 508,5 bilhões, neste ano são R$ 516,2 bilhões, ou seja, apenas R$ 8 bilhões a mais. Em termos nominais, é maior, mas na prática não cobre a alta dos custos”, observou o economista.

Outro ponto central levantado por da Luz diz respeito à origem dos recursos e ao efetivo poder do governo sobre esses valores. Segundo ele, dos R$ 516,2 bilhões anunciados, somente R$ 113,8 bilhões são efetivamente controlados pelo governo, correspondendo a 22% do total. O restante, mais de R$ 400 bilhões, são recursos livres de mercado, com taxas de juros que podem chegar a 2% ou 3% ao mês, resultado de negociações diretas entre produtores e instituições financeiras.

“O que deveria ser anunciado como Plano Safra é o recurso que o governo equaliza, o que ele controla. Esse volume de mercado sequer precisaria constar no anúncio oficial, já que, quando ocorrem problemas, o governo não assume responsabilidade”, afirmou.

Da Luz também questionou a comparação entre valores efetivos e anunciados. Conforme explicou, no ciclo anterior, o governo inicialmente divulgou R$ 138 bilhões em recursos controlados, mas contingenciamentos e suspensões reduziram o volume para R$ 92,8 bilhões. “Quando comparo o que foi anunciado no ano passado com o anúncio deste ano, há queda. O governo apresenta um crescimento apenas quando coloca lado a lado o valor contingenciado com o novo anúncio”, apontou.

Sobre a participação do Tesouro Nacional, da Luz esclareceu que a maior parte do volume anunciado não envolve desembolso direto. “Os recursos saem dos bancos, cooperativas e agentes financeiros. O que sai do governo é uma pequena parte para equalizar juros. Neste ciclo, o gasto previsto é de R$ 13,5 bilhões ao longo do ano, sendo R$ 9,5 bilhões para agricultura familiar e R$ 3,9 bilhões destinados à agricultura empresarial”, disse.

Na avaliação do economista, o Plano Safra também enfrenta dificuldades em sua execução prática. Ele citou dados do Banco Central que apontam que, entre julho de 2023 e maio de 2024, dos R$ 400 bilhões anunciados sem contabilizar Cédulas do Produto Rural (CPRs), apenas R$ 274 bilhões foram efetivamente contratados pelos produtores. “Isso significa que 32% ficaram no papel. E dificilmente o mês de junho, que encerra o ciclo, vai absorver essa diferença”, comentou.

Apesar das críticas, Antônio da Luz reconheceu pontos positivos. Entre eles, elogiou o discurso do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacando o reconhecimento do papel estratégico do setor agropecuário brasileiro e a preocupação com o Rio Grande do Sul, que enfrenta impactos severos causados por eventos climáticos. “O aumento do teto do Pronamp de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões é um avanço, assim como a elevação do PCA para 12 mil toneladas”, avaliou.

No entanto, as fragilidades persistem. Da Luz enfatizou que o plano nasce com forte contingenciamento orçamentário, tornando difícil garantir que os recursos anunciados chegarão integralmente aos produtores. Além disso, criticou o nível elevado das taxas de juros, classificadas como consequência da má condução da política econômica e da deterioração fiscal.

Por fim, o economista lamentou que o seguro rural não tenha sido contemplado com prioridade no anúncio. Ele destacou que a ausência de um programa robusto de proteção ao produtor compromete a capacidade de enfrentar riscos climáticos e de mercado. “O seguro rural é a principal política agrícola do Brasil. Quem não tem seguro, depois acaba recorrendo à renegociação de dívidas”, alertou. De acordo com dados do Portal da Transparência citados por ele, dos R$ 1 bilhão previstos no orçamento federal de 2025 para essa finalidade, apenas R$ 67 milhões foram executados até o momento, cerca de 6% do total.

Para da Luz, o quadro evidencia que o Plano Safra, embora relevante em termos de anúncio, apresenta limitações na prática, tanto pelo volume efetivo de recursos controlados como pela capacidade de execução orçamentária e pela ausência de instrumentos de mitigação de risco.




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