Etanol de milho cresce 1.700% e muda uso do grão no Brasil
Produção de etanol de milho cresce 1.700% em sete anos no Brasil, com margens atrativas e expansão para novos estados produtores.

Nos últimos sete anos, a produção brasileira de etanol de milho cresceu de forma exponencial. Dados do setor indicam um aumento de 1.700% no período, com consumo atual superior a 17 milhões de toneladas do grão. A expectativa é que esse volume ultrapasse 22 milhões de toneladas até 2026, consolidando o milho como base para uma nova matriz energética no país.
Modelo industrial viável e lucrativo
Com operação contínua durante a entressafra da cana-de-açúcar, o modelo de etanol de milho assegura estabilidade produtiva às usinas. Além disso, a produção gera co-produtos como o DDG (grão seco com solúveis) e óleo de milho, agregando valor à cadeia. As margens operacionais chegam a 30%, e o retorno sobre investimento (TIR) de empreendimentos maduros gira em torno de 15% ao ano.
Segundo Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro — empresa especializada em gestão e comercialização de grãos, integrante de um grupo com 25 anos de atuação no agro brasileiro e latino-americano —, o segmento alia sustentabilidade a resultados econômicos consistentes.
“Estamos falando de um modelo que transforma excedente agrícola em energia limpa, gera co-produtos de alto valor e movimenta cadeias produtivas inteiras com eficiência e larga escala”, destaca o executivo.
Segurança energética e menor dependência de fósseis
O avanço do etanol de milho também representa um reforço à segurança energética nacional. O combustível renovável complementa a produção da cana e atende à demanda crescente por alternativas de baixo carbono. Isso reduz a dependência de fontes fósseis e amplia a autonomia energética do país.
“O milho passa a ser protagonista na nova matriz energética brasileira”, afirma Jordy. “Essa versatilidade aumenta a resiliência das usinas e fortalece o suprimento doméstico, reduzindo impactos ambientais e permitindo ao agro participar ativamente da transição energética que o mundo exige.”
Interiorização da produção e novos polos
Embora o Mato Grosso siga como principal polo — com previsão de mais de 16 milhões de toneladas de capacidade instalada até 2026 —, outras regiões têm ampliado sua participação no setor. Paraná, Bahia e Santa Catarina estão entre os estados que devem receber investimentos e novas plantas industriais nos próximos anos.
A diversificação geográfica da produção contribui para a descentralização da cadeia e o desenvolvimento regional, além de otimizar a logística de distribuição e escoamento.
Perspectiva de longo prazo
A tendência de crescimento do etanol de milho está ancorada em fundamentos sólidos, que envolvem tecnologia, sustentabilidade, uso eficiente de recursos e conexão direta com o mercado consumidor de energia limpa.
“Estamos diante de uma grande transformação, que posiciona o Brasil como protagonista da bioenergia no mundo”, conclui Jordy. “O etanol de milho é um caminho sólido para integrar competitividade, sustentabilidade e independência energética no agronegócio brasileiro.”
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