Queda no preço do boi pressiona negócios no mercado físico
Na terça (6), arroba do boi caiu para R$ 316,50 em SP, com negócios pontuais e lotes pequenos marcando o ritmo do mercado físico.

As negociações da última terça-feira (6) confirmaram a tendência de baixa que vem se consolidando no mercado pecuário desde o período da Páscoa. Em São Paulo, o Indicador do boi gordo CEPEA/ESALQ/USP fechou o dia cotado a R$ 316,50 por arroba, com recuo diário de 0,92% e queda de 0,74% no acumulado do mês.
O movimento de queda foi acompanhado pelo contrato futuro de boi gordo com vencimento em maio na B3, que encerrou o dia a R$ 307,90, recuando 1,68% na comparação diária e acumulando perda de 1,18% em maio.
De acordo com boletim do CEPEA, mesmo com um número maior de frigoríficos atuando na terça-feira — após parte deles não realizar compras na segunda — as ofertas foram mais baixas e os volumes adquiridos, reduzidos. O padrão observado foi de vendas pontuais, com produtores buscando liquidez imediata.
A maior parte dos negócios realizados visava geração de caixa para o curto prazo, o que resultou em lotes menores e operações mais conservadoras. Muitos pecuaristas, apesar de perceberem a desvalorização, não consideram a baixa como duradoura e seguem reticentes quanto à venda de grandes volumes.
Escalas de abate avançam com reservas e contratos
Outro fator importante foi o alongamento das escalas de abate, favorecido tanto por animais de contrato quanto por operações chamadas de “reserva de escala”. Nesses casos, o produtor acerta apenas o volume e a data do abate, deixando o preço em aberto para negociação futura.
Segundo o CEPEA, as escalas observadas na terça-feira variaram entre 3 e 10 dias na maioria dos casos, com poucas exceções ultrapassando esse intervalo. Essa dinâmica reduz a necessidade de compras diárias no mercado spot.
No Centro-Oeste, em especial nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, houve registros de negócios com preços menores. Ainda assim, parte significativa dos negócios conseguiu se sustentar dentro de um intervalo entre R$ 310 e R$ 315 por arroba, diante da demanda firme e da oferta restrita.
Recuo na reposição reflete baixa no boi gordo
A retração nos preços do boi para abate também começou a impactar o mercado de reposição. Houve leve diminuição nos volumes negociados de bezerro e boi magro, além de enfraquecimento das cotações.
Na terça-feira, o bezerro sul-mato-grossense foi negociado a R$ 2.935,70 por cabeça, com baixa de 0,38% no dia. Já o boi magro paulista fechou a R$ 4.159,44 por cabeça, recuando 0,18%.
No atacado, os preços da carne bovina permaneceram estáveis, sem a movimentação esperada para o início do mês e a proximidade do Dia das Mães. Em São Paulo, a carcaça casada de boi foi cotada a R$ 22,67/kg, com leve alta diária de 0,10%. A carcaça casada de fêmea recuou 0,88%, fechando a R$ 20,25/kg.
Ainda nesta quarta-feira (7), o mercado aguarda a divulgação dos dados consolidados de exportação de carne bovina referentes ao mês de abril, fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Os números podem oferecer indicativos importantes sobre a demanda externa e influenciar o comportamento dos preços nos próximos dias.
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