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,03/07/2025

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Aviação agrícola abre novas oportunidades a engenheiros agrônomos

Em evento realizado em Goiânia, o diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle, apresentou perspectivas da aviação agrícola e do uso de drones, alertando sobre a necessidade de qualificação técnica e responsabilidade na atuação de engenheiros agrônomos.


Aviação agrícola abre novas oportunidades a engenheiros agrônomos

O cenário da aviação agrícola brasileira vive um processo acelerado de transformação tecnológica e expansão de mercado. Essa foi a principal análise apresentada pelo diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Gabriel Colle, durante evento promovido pelo Confaeab (Confederação das Federações de Engenheiros Agrônomos do Brasil), no auditório do Sistema OCB Goiás, em Goiânia, que reuniu profissionais e estudantes de agronomia para debater planejamentos de formação e inserção no mercado de trabalho no Seminário As Estratégias para os Engenheiros Agrônomos do Brasil.

Segundo Colle, há um descompasso entre o crescimento do setor da aviação agrícola e a qualificação dos profissionais para trabalharem na área. Ele destacou que o Brasil conta com aproximadamente três mil aviões agrícolas, número que posiciona o país entre os líderes globais da frota. Entretanto, a evolução mais expressiva ocorre no segmento de drones de pulverização, com expectativa de ultrapassar 40 mil unidades comercializadas até o próximo ano. “Para cada drone é exigido um responsável técnico. Porém, menos de 20% das operações contam com agrônomos nessa função”, afirmou.

O diretor ressaltou que a legislação atual, embora pioneira, ainda não atende plenamente às exigências do mercado. A primeira norma do Ministério da Agricultura voltada a drones foi editada em 2021 e já passa por revisão. “Há muitos pontos que carecem de clareza, como a definição de atribuições dos órgãos estaduais e federais. O crescimento do setor é positivo, mas precisamos garantir organização e segurança alimentar”, explicou.

Colle também chamou atenção para a responsabilidade legal que envolve a atuação dos engenheiros agrônomos. “Não se trata apenas de assinar documentos. É necessário acompanhar a aplicação, monitorar procedimentos e responder tecnicamente pelas operações”, disse. Ele relatou que no quadro de associados do Sindag, que reúne 289 empresas, ao menos 15 procuram engenheiros agrônomos habilitados, mas enfrentam dificuldade para encontrar profissionais com formação adequada. “Não falta gente, falta preparo. Muitas instituições não oferecem a capacitação necessária”, observou.

O evento debateu ainda o desafio da gestão empresarial no uso de novas tecnologias. De acordo com Colle, muitos profissionais formados em agronomia optam por empreender, adquirindo drones para serviços de pulverização ou mapeamento. Contudo, grande parte encontra obstáculos relacionados à administração, regulamentação e manutenção dos equipamentos. “O drone não é como o avião, que passa por manutenções programadas. A cada dois anos, ele se torna obsoleto, com necessidade de substituição. Isso exige preparo gerencial”, explicou.

Para suprir essas lacunas, o Sindag e o Ibravag oferecem cursos de coordenador em aviação agrícola, destinados a engenheiros agrônomos que desejam atuar como responsáveis técnicos. A Confederação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), em parceria com entidades como a Mútua, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e os conselhos regionais, também planeja ampliar a oferta de capacitações. “O mercado busca profissionais aptos a atuar com segurança. Precisamos fomentar essa qualificação”, disse.

Ao comentar a evolução da tecnologia no campo, Colle defendeu que o uso intensivo de inteligência artificial já faz parte da realidade da aviação agrícola. Sistemas de monitoramento em tempo real, análise de dados das pulverizações e proposição de estratégias baseadas em algoritmos vêm ganhando espaço. “Já temos ferramentas que processam resultados das aplicações e orientam novas operações de forma imediata”, relatou.

O diretor também destacou a importância de integrar gerações na operação das novas tecnologias. “Há profissionais com 40 anos de experiência que encontram dificuldade em lidar com sistemas digitais. Precisamos unir o conhecimento técnico acumulado com a habilidade dos jovens no uso dessas ferramentas”, ponderou.

O futuro da aviação agrícola será tema central do Congresso da Aviação Agrícola do Brasil, que ocorrerá entre 19 e 21 de agosto, em Santo Antônio de Leverger, no Mato Grosso. A edição terá como foco um panorama prospectivo até 2035, abordando o impacto da inteligência artificial, mudanças regulatórias, expansão geográfica e perspectivas políticas. “Vamos discutir qual será o papel do avião autônomo, o crescimento dos drones e o formato das empresas nos próximos anos”, explicou Colle.

Para ele, a expansão do mercado exige, sobretudo, maior conscientização sobre a responsabilidade técnica. “É preciso compreender que estamos lidando com produtos químicos e biológicos. A entrada no setor deve ser organizada. Não pode ocorrer de forma improvisada”, concluiu.





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