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,06/07/2025

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Desafios do solo pós-queimadas: mitigações na agricultura

Impactos do fogo no solo comprometem a produtividade agrícola; estratégias de recuperação envolvem técnicas biológicas e manejo do solo.


Desafios do solo pós-queimadas: mitigações na agricultura

As queimadas se tornaram um problema crítico para a agricultura brasileira, com graves consequências para o solo e a produtividade. Além dos danos à vegetação e à biodiversidade, o impacto do fogo no solo é profundo, afetando sua estrutura física, composição química e microbiologia. Após um evento de fogo, agricultores enfrentam o desafio de restaurar a fertilidade e a capacidade produtiva de suas terras, o que exige técnicas especializadas de manejo e uso de novas tecnologias.

O solo, que desempenha papel central no desenvolvimento das plantas, sofre danos significativos com o fogo. O primeiro impacto é a perda de matéria orgânica. O fogo queima a camada de detritos que cobre o solo, eliminando a fonte primária de nutrientes e de energia para os micro-organismos que vivem abaixo da superfície. Além disso, a exposição do solo após uma queimada aumenta os riscos de erosão, especialmente durante as chuvas, o que compromete ainda mais a estrutura física do terreno.

Perda de matéria orgânica e microbiota

Layane Ap. Mendes dos Santos, engenheira agrônoma e especialista em microbiologia do solo, destaca que a queima afeta diretamente a matéria orgânica, essencial para manter a saúde do solo. “Com a redução da matéria orgânica, todo o ciclo de carbono do solo é alterado, comprometendo a diversidade microbiana”, explica. A matéria orgânica serve como fonte de alimento para os micro-organismos, que são cruciais para o equilíbrio biológico do solo. Sem esses nutrientes, a recuperação do solo torna-se muito mais lenta e desafiadora.

O aumento temporário de nutrientes como potássio e cálcio após o fogo pode parecer uma vantagem inicial, mas essa disponibilidade é efêmera. “Com as primeiras chuvas, os nutrientes são lixiviados, e o solo perde rapidamente sua fertilidade,” observa Layane. A erosão, causada tanto pelo vento quanto pela água, transporta as cinzas e os nutrientes para longe das áreas agrícolas.

Desafios para a estrutura do solo

Outro impacto severo das queimadas é a mudança na estrutura física do solo. O calor intenso gera uma camada superficial impermeável, dificultando a penetração da água e comprometendo o desenvolvimento das plantas. Esse fenômeno, conhecido como hidrofobicidade, agrava a situação em áreas já vulneráveis à seca.

“As queimadas afetam a capacidade do solo de absorver e reter água, o que prejudica a recuperação da microbiota e o desenvolvimento das plantas”, explica a especialista. A falta de água no solo limita o crescimento das raízes, reduzindo ainda mais a capacidade das plantas de absorver nutrientes e água das camadas mais profundas.

Soluções para mitigar os impactos

Apesar dos desafios, existem práticas de manejo que podem ajudar na recuperação do solo após queimadas. A inclusão de plantas de cobertura, como gramíneas forrageiras, é uma das principais recomendações para restaurar a estrutura do solo. Essas plantas ajudam a proteger o solo da erosão e promovem a recuperação da matéria orgânica.

A engenheira agrônoma também recomenda o uso de tecnologias biológicas, como a inoculação de micro-organismos benéficos. “Os micro-organismos ajudam a promover o crescimento das plantas e a restaurar a biodiversidade do solo,” afirma Layane. Com o aumento da biomassa radicular, esses micro-organismos facilitam a entrada de carbono no solo, essencial para o processo de recuperação.

Além disso, substâncias bioativas, como o ácido fúlvico e extratos de algas, têm mostrado resultados promissores na restauração de solos degradados. Esses compostos melhoram as propriedades físicas e biológicas do solo, criando um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das plantas e da microbiota.

O manejo pós-queimadas requer uma combinação de estratégias, que incluem o uso de plantas de cobertura, tecnologias biológicas e compostos bioativos. Essas práticas ajudam a restaurar o solo e tornam o ambiente mais resiliente a eventos futuros, garantindo a continuidade da produção agrícola.




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