Verão 2024-2025 foi o sexto mais quente desde 1961
Verão 2024-2025 foi o sexto mais quente no Brasil desde 1961, com temperaturas acima da média e chuvas concentradas no Centro-Norte.

O verão de 2024-2025 encerrou-se no dia 20 de março com um marco preocupante: foi o sexto mais quente no Brasil desde 1961. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que a temperatura média nacional ficou 0,34°C acima da referência histórica de 1991 a 2020.
O fenômeno La Niña, que costuma reduzir a temperatura global, não impediu o avanço do calor. A tendência de verões mais quentes, observada desde os anos 1990, se manteve. No Rio Grande do Sul, três ondas de calor sucessivas elevaram as máximas entre janeiro e março.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que a última década tem sido mais quente que a anterior. O aumento contínuo da concentração de gases do efeito estufa mantém o ritmo de aquecimento, com efeitos sobre os ciclos hídricos e a produção agrícola.
Chuvas acima da média no Norte e no Maranhão
A estação também foi marcada por precipitações elevadas. Volumes superiores a 700 mm foram registrados em áreas da Região Norte, Maranhão e norte do Piauí, impulsionados pela atuação constante da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Esse sistema, formado pela convergência dos ventos alísios dos hemisférios Norte e Sul, concentrou umidade sobre a faixa equatorial do país.
No Centro-Norte, os acumulados superaram os 500 mm em diversos municípios. Já no centro-leste do Nordeste, norte de Minas Gerais e porções do Sul, os volumes ficaram abaixo da média histórica. A irregularidade na distribuição preocupa, sobretudo no planejamento agrícola.
ZCAS e instabilidades regionais
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) esteve ativa em três períodos: de 27 a 31 de dezembro, entre 6 e 15 de janeiro e entre 31 de janeiro e 5 de fevereiro. Mesmo assim, em boa parte do Sudeste e do Centro-Oeste as chuvas foram inferiores à média. Exceções foram observadas no centro-norte do Mato Grosso e em pontos de Goiás e São Paulo, com registros superiores a 600 mm.
No Sul, a distribuição foi desigual. O leste do Paraná e de Santa Catarina teve acumulados acima de 500 mm. Já o oeste do Rio Grande do Sul não ultrapassou os 250 mm, muito abaixo da média esperada para o período, que varia entre 400 e 500 mm.
Goiás: instabilidade, alertas e rios em queda
No estado de Goiás, o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas (CIMEHGO) emitiu alerta para risco de tempestades com volumes entre 20 e 60 mm em 24 horas. A combinação de calor e umidade segue favorecendo pancadas isoladas com possibilidade de ventos fortes e granizo.
Ao mesmo tempo, os principais mananciais apresentam níveis abaixo do normal. O Rio Araguaia, monitorado em Aruanã e Nova Crixás, segue em queda. O Rio Paranã, em Flores de Goiás e Nova Roma, atingiu cotas próximas ao mínimo histórico. O Rio Meia Ponte, em Goiânia, opera na metade inferior da faixa de normalidade, abaixo dos níveis observados nos dois anos anteriores.
Impactos no campo
O calor persistente, associado à distribuição irregular das chuvas, traz consequências diretas para a agricultura e a pecuária. Estresse hídrico em lavouras, atraso em plantios e dificuldades no manejo fitossanitário foram registrados em diferentes regiões. Na pecuária, a alta temperatura compromete o conforto térmico dos animais, afetando a produção leiteira e de carne.
A previsão do tempo para os próximos dias indica manutenção da instabilidade sobre Goiás. Produtores devem acompanhar os boletins meteorológicos e ajustar estratégias de manejo frente à variabilidade climática.
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