Abramilho e Aprosoja reuniram jornalistas para debater a comunicação do agro no Brasil
Jornalistas especializados participaram do Diálogo Sustentável, promovido por Abramilho e Aprosoja, para debater o futuro e a comunicação do agro.
A sede da Abramilho e da Aprosoja Brasil, em Brasília, recebeu na última quinta-feira (28) um seleto grupo de jornalistas especializados em agronegócio de diferentes estados do Brasil para participar do evento Diálogo Sustentável. A iniciativa teve como objetivo promover uma reflexão sobre o presente e o futuro do setor, além de aprimorar a comunicação entre o agro e a sociedade. Organizado pelas duas entidades, o encontro destacou a importância de compreender a percepção pública sobre o agronegócio e criar um canal mais eficiente de diálogo com a mídia.
O evento começou com a apresentação de Glauber Silveira, diretor executivo da Abramilho, que abordou o tema "Quanto custa preservar o meio ambiente". A palestra foi seguida de um quiz interativo sobre preservação ambiental. Na sequência, Lucíola Alves, chefe adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Territorial, discutiu "Uso e ocupação do solo", trazendo dados relevantes sobre o setor. "Apenas 7,8% do território nacional é utilizado para a plantação de lavouras, enquanto 13,8% são destinados às terras indígenas", destacou a pesquisadora, acrescentando que a área preservada no Brasil equivale ao território de 48 países da Europa.
No segundo painel, o tema "O Brasil e as práticas agrícolas sustentáveis" foi mediado por Fabrício Rosa, diretor executivo da Aprosoja Brasil. Após mais um quiz destinado aos jornalistas, Caio Carbonari, professor da Unesp em Botucatu, discorreu sobre "Controle sustentável de pragas". O especialista ressaltou que o uso de biotecnologia, a partir de 2005, permitiu ao Brasil dissociar o crescimento da produção agrícola da expansão das áreas plantadas. "Vivemos o paradoxo da desinformação em relação aos defensivos agrícolas. O consumo de defensivos em quilos por hectare no Brasil está entre os mais baixos entre as grandes nações produtoras", enfatizou.
Wellington Andrade, da Aprosoja Mato Grosso, conduziu o painel "Quais os desafios, ações e ajustes legais?", seguido pela apresentação de Daniel Vargas, jurista e professor da FGV, sobre os desafios do Brasil nas negociações internacionais, incluindo a COP30 e a regulamentação EUDR (Regulamento de Deforestação da União Europeia). Vargas alertou para a postura rigorosa da União Europeia quanto à mitigação de riscos na produção de alimentos. "Mesmo sem relação direta com a Amazônia, empresas europeias rejeitam o etanol brasileiro, alegando que a ampliação da produção pode pressionar a agricultura a avançar sobre áreas de pecuária, com potencial impacto ambiental no Norte do país", explicou.
Outro destaque foi a palestra da advogada Samanta Pineda, especialista em Direito Ambiental, que abordou a legislação ambiental brasileira e os compromissos firmados no Congresso Nacional. "É crucial diferenciar desmatamento de conversão de áreas. Desmatar é cortar árvores de forma criminosa, enquanto a conversão se refere à transformação de áreas já alteradas no passado em ambientes produtivos para alimentos", pontuou.
Em entrevista ao Agro e Prosa, Paulo Bertolini, presidente da Abramilho, destacou a relevância do evento para estreitar os laços entre produtores rurais e jornalistas especializados no setor. "Nós, que passamos a maior parte do tempo no campo, temos dificuldade em nos comunicar com a imprensa quando assumimos papéis de liderança em entidades classistas. Este encontro nos mostrou como dialogar melhor com os jornalistas", afirmou.
Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil, celebrou a presença de tantos profissionais da comunicação e reforçou o desejo de ampliar o alcance do evento, envolvendo mais jornalistas e regiões do país. "Nosso objetivo é tornar esse diálogo cada vez mais inclusivo e representativo", concluiu.
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